O caso de Henrietta Lacks em livros didáticos de biologia no Brasil: uma leitura feminista interseccional
Considerando o livro didático uma produção cultural, um dispositivo e uma fonte de informação sobre diversos temas no espaço escolar e partindo da premissa de que a análise de casos controversos da história da ciência tem função formativa, justifica-se esse estudo. Apresentamos uma análise do caso de Henrietta Lacks em livros didáticos de biologia aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático, 2018. Os resultados indicam que há um apagamento do caso nos livros didáticos, uma vez que apenas 16,66% dos trinta livros analisados mencionam a história de Henrietta Lacks e/ou as células HeLa, e quando o caso é citado o debate ético-político é demasiado frágil. Argumentamos que tal apagamento implica no esvaziamento formativo ligado aos debates que podem ser estabelecidos entre a produção da ciência e suas intersecções com operadores como os de classe, raça e sexo, aos quais situam-se, por exemplo, o caso de Henrietta Lacks.
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